COMO CONHECER A VONTADE DE DEUS - MORRIS VENDEN

 

 

 

Morris Venden

 

Título Original em inglês:

HOW TO KNOW GOD'S WILL IN YOUR LIFE

 

 

 

CASA PUBLICADORA BRASILEIRA

Tatuí - São Paulo

 

Contracapa

 

Na tentativa de descobrir a vontade de Deus em sua vida, alguns cristãos fecham os olhos, abrem a Bíblia e colocam um dedo ao acaso sobre suas páginas. O texto assim encontrado representaria a resposta divina. Outros pedem um sinal, como chuva ou sol.

Tem Deus um plano para cada um de nós? E possível descobri-lo?

Morris Venden diz que sim, e enumera oito passos a serem dados a fim de sabermos a direção a seguir.

 

 

 

 

 

 

 

CONTEÚDO

 

 

A Vontade de Deus em sua Vida . . . . . . . . . . . . . . . .   3

Passo 1: A Vontade de Deus e sua vontade . . . . . . . . 12

Passo 2: A Vontade de Deus e seus Sentimentos . . . . 21

Passo 3: A Vontade de Deus e Sua Palavra . . . . . . . . 29

Passo 4: A Vontade de Deus e Sua Providência . . . .   36

Passo 5: A Vontade de Deus e seus Amigos . . . . . . . 46

Passo 6: A Vontade de Deus e sua Oração . . . . . . . .   56

Passo 7: A Vontade de Deus e sua Decisão . . . . . . . . 64

Passo 8: A Vontade de Deus e as Portas Giratórias . . . 70

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A VONTADE DE DEUS EM SUA VIDA

 

Gostaria você de conhecer o futuro? Desejaria saber escolher acertadamente nas decisões com que se depara? Crê que Deus tem um plano para sua vida e sabe como descobrir o que inclui esse plano?

O mundo está cheio de pessoas que procuram conhecer o futuro, que andam cambaleando em busca de orientação. Os mapas astrológicos estão à venda em toda parte. Ainda proliferam os cartomantes e os quiromantes. Em todo lugar as pessoas querem saber o que ocorrerá em seguida e como preparar-se para isto.

Este impulso e curiosidade por desvendar o amanhã é parte integrante do ser humano.

Para o cristão, uma das perguntas que se faz com mais freqüência é como conhecer a vontade de Deus em sua vida. Às vezes nos sentimos frustrados pela aparente falta de orientação divina em nossos dias e em nossa era. Rememoramos os tempos bíblicos, quando vinham anjos e caminhavam com os homens ao meio-dia, quando os profetas estavam vivos e de boa saúde, e nos sobrevem o desejo de que tivéssemos o mesmo acesso ao conhecimento da vontade de Deus.

Por outro lado, o cristão imaturo freqüentemente lança mão de expedientes e de manobras de feitura humana, tais como atirar para o ar uma moeda ou tirar a sorte com papelinhos ou desenvolver alguma elaborada fórmula repetitiva para seguir, a fim de tornar conhecida a Sua vontade.

A orientação recebida de tais métodos pode vir do acaso, ou mesmo do próprio diabo. Mesmo o ateísta poderia empregar moedas e papelinhos numa tentativa para chegar a alguma decisão.

Por outro lado, o cristão intelectual conclui que Deus nos deu toda a orientação que pretendia dar quando nos criou com mente que pode pensar e raciocinar. Os saduceus dos dias de Cristo eram vítimas desta filosofia e concluíram que depois de trazer o homem à existência, Deus o abandonou aos seus próprios caprichos. Acreditavam que o método pelo qual a humanidade poderia conhecer a vontade de Deus para sua vida era o simples processo de cogitar e tomar uma decisão arbitrária. Mais uma vez, porém, se a lógica e a razão continham todo o método de Deus de comunicar a Sua vontade, os ateus e infiéis poderiam, tanto quanto o cristão, ter a certeza de acertar na escolha, e a orientação tornar-se-ia uma questão de Q.I. [quociente de inteligência], em vez de discernimento espiritual.

Talvez todos nós tenhamos usado uma destas abordagens em alguma ocasião em nossa vida, quer seja concluindo que tudo quanto decidimos deve ser também decisão de Deus ou tentando um dos truques por falta de um método melhor.

No colégio, um ano, eu tive de tomar uma decisão concernente ao meu trabalho no verão. Nesse verão especifico, eu iria colportar. Depois de escrever algumas cartas pedindo informação aos vários lugares em que eu poderia ir, acabei recebendo três convites: para Washington, Texas e Wyoming.

Parecia-me que uma das três escolhas deveria ser melhor, ou mesmo a melhor das três, e assim eu queria a orientação divina a fim de tomar a decisão acertada. Depois de considerar como isto poderia ser feito, decidi-me por um método um tanto sofisticado. Tomei uma pilha de papel, rasguei-a em pequenos pedaços e depois dividi os pedaços em quatro pilhas iguais. Então escrevi "Washington" em uma das pilhas de papéis, "Texas" na outra, e "Wyoming" na terceira pilha. Deixei em branco a quarta pilha de papéis, a fim de ser justo para com Deus e dar-Lhe a opção de "nenhuma das anteriormente citadas". Você terá de admitir que esta foi uma operação cuidadosamente planejada!

Então eu coloquei em um chapéu todos os pedaços de papel e os agitei para cima e para baixo a fim de misturar os pedaços. Depois disto, ajoelhei-me e orei para que Deus me guiasse na decisão que eu iria tomar e que se eu deveria ir a um destes três lugares ou a algum lugar desconhecido, Ele me fizesse saber Sua vontade levando-me a tirar a mesma resposta três vezes seguidas.

Puxei uma tira de papel. Ela azia "Wyoming". Recoloquei aquela tira de papel, agitei um pouco mais o chapéu e puxei uma segunda tira. "Wyoming"! Eu estava começando a ficar emocionado! Repus a segunda tira, agitei o chapéu mais uma vez e apanhei a terceira tira. "Wyoming"! Três vezes em seqüência!

Eu fiquei entusiasmado! Estava pronto a sair naquela mesma noite e comprar minhas botas de vaqueiro e chapéu de abas largas! Mas sendo que já era tarde demais para ir fazer compras, fiz a melhor coisa que poderia fazer em seguida e sai apressadamente pelo campus para a casa do meu professor de Bíblia favorito a fim de contar-lhe as boas novas.

Para meu espanto, ele franziu o sobrolho e me passou uma descompostura! Realmente ele me repreendeu com severidade, dizendo-me que esta era uma maneira muito imatura de descobrir a vontade de Deus, e quando ele terminou eu não estava mais eufórico. Meu queixo se movia com dificuldade em todo o caminho de volta pelo campus, e fui dormir naquela noite como um estudante muito desanimado.

Mas eu ainda tive de tomar a decisão. Durante o dia seguinte, comecei a refletir sobre Gideão. Ora, há um exemplo bíblico para você – o bom e velho Gideão! Ele pediu a Deus um sinal, não uma vez, mas duas. E Deus honrou sua petição fazendo com que o velo de lã ficasse primeiro molhado, depois seco. Quanto mais eu pensava acerca de Gideão, mais me convencia de que o meu professor de Bíblia afinal não sabia tudo!

De sorte que naquela noite eu me lembrei do Deus de Gideão e lancei mão do meu chapéu pela segunda vez. Agitei-o completamente e mais uma vez puxei três tiras de papel. "Wyoming", "Wyoming" e "Wyoming" – três vezes consecutivas também na segunda noite.

Agora eu fiquei outra vez emocionado! Saí correndo através do campus – mas não para a casa do mesmo professor de Bíblia. Ele obviamente não tinha apreciado o milagre que estava ocorrendo, de sorte que decidi tentar algo mais. Desta vez escolhi outro professor de Bíblia e contei-lhe sobre o que havia acontecido – duas noites em seguida.

Ele não foi mais encorajador do que fora o primeiro professor. Também reprovou-me por meus métodos imaturos e sugeriu que não havia nenhuma garantia de que Deus preferisse comunicar-Se por intermédio do sistema que eu tinha montado.

Assim lancei fora os pedaços de papel, e naquele verão acabei indo para Nebraska! Eu indagava freqüentemente o que teria acontecido se eu tivesse ido para Wyoming.

Eu realmente não estou disposto a descartar inteiramente esta experiência. Deus muitas vezes vai ao encontro das pessoas onde elas estão e graciosamente responde à sua procura dEle, mesmo quando não compreendem muito sobre Ele. Mas talvez a maior lição que recebi do Senhor nesta experiência foi uma melhor compreensão de como procurar Sua orientação de acordo com o que revela a Sua Palavra como os melhores métodos para buscá-Lo!

Se você leu as biografias de George Müller, sabe que seu desempenho para compreender a orientação do Senhor foi impressionante. Durante os primeiros vinte anos da sua lida Müller foi um réprobo. Após a sua conversão, iniciou um ministério que deveria durar mais de cinqüenta anos, dirigindo orfanatos para os meninos de rua de Bristol. Nunca teve um homem para cuidar de relações públicas. Jamais anunciou suas necessidades. Sempre que necessitava de dinheiro, alimento, ou roupas para seus órfãos, não dizia a ninguém, mas dirigia-se ao seu gabinete de estudo e orava. Durante sua existência, George Müller recebeu milhões de dólares exclusivamente em resposta à oração.

Uma vez Müller estava em um navio no Atlântico, em direção de Bristol. Caiu o nevoeiro, e o capitão do navio que posteriormente contou a história estivera em seu posto par três dias, guiando o navio a passo de lesma. Müller aproximou-se dele e disse:

– Capitão, preciso estar em Bristol no sábado.

– Não há nenhum meio de você estar em Bristol no sábado - respondeu o capitão. – Não vê o nevoeiro?

– Meus olhos não estão no nevoeiro, mas no Deus vivo – disse Müller. – Capitão, não quer ir comigo lá embaixo e orar para que Deus remova o nevoeiro?

O capitão seguiu Müller para o porão do navio, e eles se ajoelharam juntos. Müller proferiu uma oração tão simples que um menino da Escola Dominical poderia ter orado. "Querido Jesus, Tu sabes a respeito do encontro que marcaste para mim em Bristol no sábado, assim por favor afasta o nevoeiro. Amém." O capitão estava tentando manufaturar algum tipo de oração, mas Müller o deteve. 

– Em primeiro lugar, o senhor não crê que Deus possa fazer isto – disse ele – e em segundo lugar, creio que Ele já o fez. Se o senhor retornar à ponte de comando, perceberá que o nevoeiro se foi.

O capitão saiu lá fora e descobriu que o nevoeiro tinha realmente desaparecido, exatamente como Müller dissera. Eles estavam no sábado em Bristol.

Como é possível estar tão certo da vontade de Deus? Como poderia Müller viver com tal certeza? Quando alguém que está tão sintonizado com a vontade do Senhor começar a partilhar com você sobre como conhecer a vontade de Deus, escute. Perto do final de sua piedosa vida, Müller legou sete passos para se conhecer a vontade de Deus. Eu os conferi com o material inspirado sobre o assunto e acrescentei mais um. Eu gostaria de convidá-lo a estudar estes passos e fazer uso deles em sua própria vida. Enumeraremos os oito pontos e então os consideraremos mais detalhadamente em cada um dos oito capítulos seguintes.

l. Nenhuma vontade própria sobre o determinado assunto. Sua própria vontade é neutra. Isto não significa que você não terá nenhuma preferência, mas que você está disposto a ir por qualquer caminho que Deus dirija. Isto só é possível para alguém que está envolvido em comunhão diária com Deus, porque não podemos levar-nos a nós mesmos à rendição. Deus deve fazer isto por nós. O exemplo de Jesus nisto está registrado em S. Mateus 26:39 e S. João 4:34. 

2. Não se deixe levar simplesmente pelo sentimento. Realmente, você não se conduz por um único passo, seja qual for. É a combinação de todos os oito juntos que é significativa. Mas freqüentemente existe a tentação de tomar sua decisão à base de sentimentos, de sorte que esta é uma advertência. Não faça isto! Conquanto o Espírito Santo muitas vezes dirija através das impressões sobre o coração (veja Isaías 30:21), nunca deveríamos tomar uma decisão baseados exclusivamente em sentimentos.

3. Estude a Palavra de Deus para ver o que está revelado que possa orientar na presente decisão. Deus sempre nos guia através da Sua Palavra, nunca contrário a ela. Veja Salmo 119:105. Pode não haver informação específica sobre sua decisão particular, embora haja freqüentemente princípios que se ajustam. Mas você pode sempre ir à Palavra em busca de comunicação.

4. Considere as circunstâncias providenciais. "Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou." Deuteronômio 8:2. Olhe para a orientação de Deus no passado e veja como a atual decisão poderia ajustar-se num padrão que já foi desenvolvido.

5. Consulte-se com amigos piedosos. Este é o passo que eu adicionei à lista de Müller. Encontra-se em Provérbios 11:14 e Salmo 1:1. Não consulte com seus amigos ímpios! E mais uma vez, não tome toda a sua decisão baseado no que seus amigos dizem. Mas ponha o conselho deles em sua pasta para ajudá-lo a chegar a uma decisão.

6. Peça a Deus, em oração, que lhe revele Sua vontade concernente à decisão que você vai tomar. Veja S. Tiago 1:5.

7. Tome uma decisão! Baseado no que tem transcorrido antes, nos primeiros seis passos, tome uma decisão. Não espere por um sinal ou um raio do céu. Considere com oração o peso da evidência e decida-se. E diga a Deus qual é a sua decisão.

8. Prossiga com sua decisão, convidando a Deus que o detenha se você errou o alvo. Seja então sensível às portas giratórias. Deus sabe abrir e fechar as portas. Às vezes você pode achar uma porta batida em seu rosto. Isto já aconteceu comigo ocasionalmente! E geralmente porque eu falhei no passo um. Mas mesmo o apóstolo Paulo às vezes encontrou portas batidas em seu rosto. Você pode ler sobre isto em Atos 16:6-9.

São estes os passos, e para aqueles dentre nós que os têm utilizado através dos anos ao tomar decisões e ao procurar conhecer a vontade de Deus nessas decisões, descobrimos que eles são extremamente proveitosos.

Deus tem uma vontade. Ele está interessado em guiá-lo nas decisões da sua vida. Ele tem um plano para você, e sua maior felicidade será encontrada em seguir este plano. Se é a Sua vontade que você vá a Nínive, não será igualmente satisfatório que você se dirija a Társis. Deus sabe o que será o melhor para você e o que trará a maior bênção aos outros, e Ele está disposto a tornar conhecida Sua vontade àqueles que estão dispostos a ouvir.

Em Salmo 32:8 é dada a promessa: "Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as Minhas vistas, te darei conselho." Diz S. João 10:3-5: "As ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelos nomes as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele porque não conhecem a voz dos estranhos." Davi orou: "Guia-me pelo caminho eterno." Salmo 139:24. Diz Provérbios 3:5 e 6: "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas." Paulo nos diz em Romanos 12:2: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." E diz Jeremias 10:23: "Eu sei, ó Senhor, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos."

Poderíamos citar muitas outras referências bíblicas para provar o ponto. Deus quer dirigir-nos, guiar-nos, manifestar-Se a nós. Não quer que nos estribemos em nossa própria e débil sabedoria, nem que tropecemos nas trevas, sem saber se estamos ou não escolhendo acertadamente. Ele tem uma vontade, e quer revelar-nos esta vontade.

Mas há uma importante premissa para compreender a vontade de Deus que queremos sublinhar e enfatizar antes de prosseguirmos. Para aquele que está realmente procurando conhecer a vontade de Deus, haverá uma busca diária para conhecer a Deus. O assunto da orientação ou direção não é uma rotina semelhante a uma escada de incêndio, que invoca a Deus somente quando há uma grande decisão a ser enfrentada. É buscando dia a dia conhecer a vontade de Deus, por meio da oração e do estudo da Sua Palavra, que somos levados a uma situação de começar a conhecer Sua vontade até mesmo em relação aos detalhes de nossa vida diária.

Suponha que eu lhe estivesse dando uma lista de passos para o seu uso em aprender a nadar. Suponha, outrossim, que você estivesse seguindo as instruções contidas na lista, prendendo a respiração, movendo os braços, pondo as mãos em forma de concha e batendo os pés. Suponha que finalmente você voltasse a mim e dissesse: "Isto não funciona! Eu ainda não sei nadar." E ao discutirmos a dificuldade, descobríssemos que você jamais percebeu que era obrigado a estar dentro d'água! Isto representaria uma séria interrupção na comunicação, não é?

Seria uma tragédia cometer aqui o mesmo erro, no âmbito de conhecer a vontade de Deus em sua vida. Não pode enfatizar demasiado isto, por mais elementar que seja. A fim de conhecer a vontade de Deus em sua vida, você deve primeiro conhecer a Deus. Não é suficiente voltar-se para Ele apenas quando há um problema ou uma crise.

Note outra vez os versos de S. João 10. É a ovelha que conhece Sua voz que é capaz de seguir a direção do Pastor. Elas se tornaram tão familiarizadas com o Pastor que podem distinguir a Sua voz de todas as outras vozes. Portanto, quando Ele fala, elas podem seguir Sua orientação.

Você O conhece? Sabe o que significa pôr de lado o melhor tempo cada dia a fim de promover sua familiaridade e relacionamento com Ele? Sabe o que significa conversar com Ele, simplesmente pelo prazer de conversar, mesmo quando você não necessita de nada dEle exceto dEle mesmo? Você sabe o que significa ouvi-Lo falar a você, através da Sua Palavra? Já experimentou, como fizeram os discípulos no caminho de Emaús, o que é ter o coração ardendo dentro de si enquanto Ele fala com você pelo caminho? Está você em condições de falar com Ele dia a dia?

Se você pode responder afirmativamente a estas perguntas, está em condições de buscar Sua orientação com respeito aos detalhes particulares de sua vida. Se você não O conhece, seu primeiro trabalho é tomar-se familiarizado com Ele. É somente quando você O conhece por experiência própria que você pode compreender corretamente Sua orientação, ou mesmo estar disposto a aceitar Sua orientação quando a mesma é compreendida.

 

Não tente aprender a nadar pelo método descrito na velha rima infantil:

Mamãe, posso ir nadar?

Sim, minha querida filha.

Pendure sua roupa no ramo da nogueira,

Mas não se aproxime da água!

 

Entre em contato com a água! Torne-se familiarizado com o melhor Amigo que você pode ter. Aprenda a conhecê-Lo. E então ao enfrentar as decisões da vida você poderá também aprender a conhecer Sua vontade para o seu viver diário.

 

 

 

A VONTADE DE DEUS E SUA VONTADE

 

Talvez o conheçamos melhor por causa da sua jumenta. Embora Balaão tivesse sido por algum tempo profeta de Deus, ele finalmente demonstrou-se falso. Falhou em compreender corretamente e aceitar a vontade de Deus em sua vida porque não estava disposto a renunciar aos seus próprios planos. E sua vida terminou em tragédia.

Você se lembra da história. Os filhos de Israel tinham chegado às fronteiras da Terra Prometida. Balaque, rei moabita, ficou imediatamente preocupado. Os israelitas, acampados do outro lado do rio Jordão, nas planícies de Moabe, representavam uma força poderosa, e Balaque não tinha certeza de que o seu exército se igualava ao deles. Assim ele resolveu tentar alguma estratégia.

Enviou mensageiros a Balaão, dizendo: "Eis que um povo saiu do Egito, cobre a face da terra, e está morando defronte de mim. Vem, pois, agora, rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais poderosa do que eu; para ver se o poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que, a quem tu abençoares será abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado." Números 22:5 e 6.

Poderia parecer à primeira vista que Balaão deveria ter sabido imediatamente que este não era o plano de Deus! Mas ele ficou tão impressionado pelas recompensas que o rei lhe oferecia por seus serviços que disse aos mensageiros: "Ficai aqui esta noite, e vos trarei a resposta como o Senhor me falar." Verso 8. E assim os mensageiros passaram ali a noite.

Balaão pediu orientação, e a orientação do Senhor veio em alto e bom som. "Então disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado." Verso 12.

Balaão despediu relutantemente os mensageiros na manhã seguinte, e eles voltaram para Balaque com a mensagem. Mas Balaque não se deixava vencer facilmente pelo desânimo. Enviou de volta um segundo grupo de mensageiros que prometeu maiores recompensas do que da primeira vez, concluindo que Balaão estava simplesmente resistindo por um preço mais alto. Prometeu a Balaão honra e promoções se ele cooperasse com seu plano.

As palavras de Balaão foram corretas, porque ele respondeu, no verso 18: "Ainda que Balaque me desse a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia traspassar o mandado do Senhor meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande." Mas o coração de Balaão não era reto. Sua própria vontade era obstinada – ele queria desesperadamente ir com os mensageiros, pronunciar contra Israel as maldições exigidas e receber a recompensa. Talvez ele raciocinasse que as palavras não eram afinal nada, que o povo de Deus não poderia ser ferido por seus sortilégios, e sua própria causa seria obviamente muito ajudada. Certamente ele tinha racionalizações que ensaiara em sua mente, quando mais uma vez foi perante o Senhor a fim de inquirir sobre Sua vontade no assunto.

Deus foi muito paciente com este errante profeta e mais uma vez veio falar com ele, e disse: "Se aqueles homens vierem chamar-te, levanta-te, vai com eles." Verso 20.

Tanto quanto sabemos, Balaão não pediu um sinal, mas o Senhor lhe ofereceu um. "Se eles vierem chamar-te, vai com eles. Se não, fica em casa." Mas os mensageiros não vieram chamar Balaão. Impacientes ante a demora e esperando a mesma resposta que tiveram antes, não viram nenhum proveito em esperar por ele. Cedo de manhã seguiram seu caminho, e quando Balaão foi procurá-los, eles já tinham partido de volta para o palácio.

Agora a vontade própria de Balaão estava em completo controle e, ignorando a ordem direta do Senhor, albardou a sua jumenta e saiu atrás dos mensageiros. Antes de alcançá-los, foi interrompido pelo anjo – a princípio invisível a ele, mas visto por sua jumenta. A mente de Balaão estava decidida. Ele sabia o que queria. E mesmo uma jumenta falante e um anjo com a espada desembainhada não foram suficientes para fazê-lo mudar de idéia. Ele não parou por estar disposto a parar, mas sim porque foi forçado a isto. Disse ele ao anjo: "Agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei." Parece que tinham sido dados a Balaão um ou dois indícios no tocante a que se Deus estava ou não insatisfeito com o seu procedimento, não é? Mas Balaão estava decidido a ir adiante se houvesse qualquer meio que ele pudesse empregar para conseguir o seu intento.

Deus, em Sua infinita consideração pela faculdade da escolha do homem, permitiu que Balaão seguisse seu próprio caminho, mas disse-lhe que ele poderia falar somente as palavras que lhe fossem dadas por Deus.

E fácil unir-se a Balaão, não é? Não é difícil compreender a vontade de Deus quando ela está em harmonia com nossas próprias inclinações. Mas quando vemos que a vontade do Senhor nos levaria a algum caminho diverso daquele que escolheríamos para nós mesmos, quão difícil achamos ouvir Sua voz! Podemos orar longa e ardentemente, pedindo a Deus que nos mostre o que devemos fazer, mas Deus conhece nosso coração. Ele sabe se somos sinceros ao buscarmos conhecer Sua vontade ou se estamos simplesmente buscando o Seu selo de aprovação para nossa própria escolha. Ele pode às vezes lidar conosco como fez com Balaão e permitir que prossigamos no caminho que escolhemos, até que venhamos a perceber que não temos renunciado à nossa própria vontade no assunto. Porque é somente quando não temos nenhuma vontade própria que estamos em condições de começar a buscar a vontade do Senhor.

Balaão e Balaque tentaram três vezes amaldiçoar a Israel, mas Balaão não pôde falar senão bênçãos. Balaque perdeu finalmente a calma e disse: "Chamei-te para amaldiçoar os meus inimigos; porém agora já três vezes somente os abençoaste." Números 24:10. Balaão seguiu para casa, gritando bênçãos sobre Israel enquanto partia, e com ira no coração por ser lesado das riquezas e honras que teriam sido suas se ele tivesse sido capaz de prover maldições em vez de bênçãos.

Depois de chegar em casa, ele sugeriu outro plano para amaldiçoar a Israel. Desta vez, sem mesmo consultar ao Senhor, porque ele sabia que estava em rebelião, retornou ao palácio com uma brilhante idéia. Ele conhecia a fonte do poder de Israel, mesmo que Balaque não o soubesse. Também sabia que quando o povo de Deus estivesse separado da fonte do seu poder, a maldição seria automática.

Balaque ficou exultante com o plano de Balaão e imediatamente o pôs em execução. Foram dadas a Balaão as honras e riquezas que ele tanto cobiçava, mas ele não as usufruiu por muito tempo, porque foi morto na batalha que se seguiu.

Balaão é um exemplo clássico da verdade do primeiro passo em buscar a vontade de Deus em sua vida. Você não deve ter nenhuma vontade própria no dado assunto. Se sua própria vontade estiver no comando, não lhe será de nenhum proveito conhecer a vontade de Deus, porque você não estará disposto a aceitá-la. Se sua própria vontade estiver controlando, nem mesmo a voz de Deus na noite ou uma jumenta que fala ou um anjo bloqueando seu caminho ou seu próprio juízo e razão e consciência, não serão suficientes para afastá-lo do seu curso. Sua própria vontade deve ser posta sob o controle de Deus antes que uma revelação da Sua vontade a você possa ser aceita e apreciada.

O que significa não ter nenhuma vontade própria? Suponha que você esteja tentando decidir-se com quem casar ou para onde mudar-se ou que emprego aceitar. Não ter nenhuma vontade própria significa que você não tem nenhuma preferência no assunto? Não ter nenhuma vontade própria faz de você alguma espécie de joguete sem nenhum pensamento ou desejo acerca do que quer?

Não ter nenhuma vontade própria não significa que você não terá nenhuma preferência. Jesus teve uma preferência no Horto do Getsêmani, quando orou: "Não se faça a Minha vontade, e, sim, a Tua." S. Lucas 22:42. Ele preferiria escapar das agonias do Horto, da humilhação do julgamento público, dos açoites e do horror da cruz. Ele teria preferido não Se separar de Seu Pai. Ele tinha uma preferência. Maior, porém, do que sua preferência pessoal foi o Seu compromisso de trazer salvação ao mundo, de cooperar com Seu Pai na obra da redenção. Portanto, a despeito de Sua própria preferência, Ele pôde dizer: "Eu desci do Céu não para fazer a Minha própria vontade; e, sim, a vontade dAquele que Me enviou." S. João 6:38.

Assim, uma coisa é ter preferência; outra é estar tão completamente rendido à vontade de Deus seja qual for que tão logo a mesma se revele, você esteja disposto a segui-la. Não ter nenhuma vontade própria significa que sua prioridade consiste em aceitar a vontade divina, de sorte que quando esta vontade é revelada, você a aceita e acaricia, e sua própria preferência se rende.

Sempre que alguém deixa de receber a orientação do Senhor em sua vida, isto geralmente ocorre como resultado de falha neste primeiro passo – não tendo nenhuma vontade própria em dado assunto. Mas é impossível chegar à condição de não ter nenhuma vontade própria, à parte de um relacionamento pessoal com Cristo. Somente Seu poder e controle em sua vida pode levá-lo a uma rendição genuína à Sua vontade. Se você está no comando de si mesmo, todas as vezes você se unirá a Balaão, dizendo a Deus: "Minha mente está decidida; não me confunda com os fatos."

Há muitos exemplos bíblicos daqueles que aparentemente buscaram a orientação do Senhor, mas que não renderam a vontade no processo. Os filhos de Israel, em sua primeira viagem para as fronteiras da Terra Prometida, menos de dois anos após a sua saída do Egito, cometeram o mesmo erro. Enviaram espias para observar como era esse novo país, e quando os espias regressaram com o seu relatório negativo, o povo se rendeu ao temor e à dúvida. Recusaram a oportunidade de aceitar a vontade divina para eles, de que deveriam marchar imediatamente e possuir a terra. Em vão Josué e Calebe pleitearam com eles. Moisés e Arão foram incapazes de dissuadi-los de sua decisão. Oraram pedindo para morrer no deserto, e sua oração foi tragicamente respondida de acordo com o seu desejo.

Saul não estava disposto a esperar pela vinda de Samuel a fim de oferecer os sacrifícios como sacerdote, e foi avante por sua conta. Estava indisposto a aceitar as instruções do Senhor concernente aos cativos e aos despojos de guerra e em vez disto seguiu seu próprio caminho. Estava indisposto, finalmente, a consultar a vontade divina, que tão freqüentemente estivera em desacordo com sua própria vontade, e em lugar disto dirigiu-se a En-Dor a fim de encontrar conselho mais agradável.

Sansão não estava disposto a aceitar para si a orientação divina na escolha de uma esposa. Jezabel não estava disposta a aceitar a orientação do Senhor através de Elias, procurando matá-lo em vez disto. Davi consultou sua própria vontade em vez de consultar a vontade do Senhor em seu relacionamento com Bate-Seba. A lista poderia prosseguir ininterruptamente.

Talvez nossa maior dificuldade em compreender a vontade do Senhor para nossa vida esteja no fato de que nossa própria vontade tão constantemente entra em cena. E por este motivo não temos nenhuma esperança de nos livrarmos de nossa própria vontade, exceto se formos diariamente a Cristo e nos entregarmos a Ele, através de um contínuo relacionamento diário. Se nos rendermos diariamente a Ele e diariamente aceitarmos Sua direção em nossa vida, quando chegar o momento da decisão, estaremos em condições de não ter nenhuma vontade própria e de aceitar a vontade de Deus para nós.

Cristo, em Sua vida terrestre, não fez nenhum plano para Si mesmo. Diariamente recebia os planos de Seu Pai para Si, e foi assim que Sua vida estava constantemente em harmonia com a vontade de Seu Pai. A mesma orientação que Ele tinha está à nossa disposição.

Significa isto que não devemos fazer absolutamente nenhum plano, que devemos simplesmente nos assentarmos em uma cadeira de balanço e esperar que Deus a embale? Ou significa que não devemos fazer planos separados de Deus – nenhum plano para nós mesmos que O ignore? Podemos fazer planos, como melhor conhecemos, mas devemos estar sempre dispostos a renunciar a esses planos, ou levá-los avante, conforme Sua providência indique.

O apóstolo Paulo é um exemplo disto. Ele fazia planos em suas viagens missionárias, mas às vezes seus planos eram interrompidas. Atos 16:6-9 nos fala disto. Eles estavam planejando ir a um lugar, mas o Espírito Santo os dirigia a outro, e eles aceitavam Seus planos, porque estavam rendidos ao Seu controle. Estavam dispostos a aceitar que seus próprios planos fossem obstruídos sempre que esses planos não estivessem em harmonia com os planos de Deus.

Você pode ver isto em operação na vida de Jesus. Ele e Seus discípulos estavam perto de uma aldeia samaritana. Jesus estava tão cansado que não pôde nem mesmo percorrer com Seus discípulos o restante do caminho até á cidade, mas em vez disto assentou-Se ao lado do poço, planejando descansar até que Seus discípulos trouxessem de volta algum alimento. Mas Seus planos quanto ao descanso foram interrompidos. Uma mulher veio tirar água do poço, e ela necessitava do Seu auxílio. Seu Pai havia programado um divino encontro, e Jesus aceitou o desafio. Quando os discípulos, surpresos ante Seu procedimento, O indagaram no tocante a isto, Ele respondeu: "A Minha comida consiste em fazer a vontade dAquele que Me enviou, e realizar a Sua obra." S. João 4:34.

Que significa isto? Significa que para a pessoa que está seguindo as pegadas de Jesus, se vier a escolha, mesmo que seja escolher entre o alimento e o serviço, ela saberá que escolha fazer. E não apenas saberá qual é a escolha certa, mas considerará um privilégio e uma honra escolher servi-Lo. 

Você pode estar cansado, faminto ou sedento. Mas o Senhor pode prover-lhe um divino encontro, e ao aceitar Sua orientação, você descobre força que não suspeitava possuir. Já aconteceu isto em sua vida? O Senhor pode enviá-lo a algum local de serviço que você jamais teria escolhido por si mesmo. Mas ao seguir Sua orientação, você descobre que a maior bênção lhe advém de ir aonde Ele o conduz.

Quer você não ter nenhuma vontade própria? Só há um meio possível de conseguir isto. Ao continuar o relacionamento com Deus, buscando-o dia a dia como sua primeira prioridade, Ele o levará à condição de não ter nenhuma vontade própria. E toda vez que você divisar Suas instruções e recuar do relacionamento com Ele a fim de seguir o seu próprio caminho, você está em perigo.

Conheci um jovem que não queria ser um pastor. Toda vez que ele se aproximava de Deus, sentia a batida de Deus em seu ombro, trazendo-lhe a convicção de que Deus queria que ele fosse um pastor. Mas ele definitivamente não queria ser um pastor, de sorte que achou uma solução. Afastou-se de Deus. Escolheu deliberadamente não se aproximar muito. Foi então que ele não sentiu mais a batida no ombro!

Uma vez li a história de um homem que estava tão decidido a não se tornar um pastor e tão convicto de que Deus queria que ele fosse um, que recusou entregar o coração ao Senhor, recusou a conversão, recusou ir a Deus em busca de arrependimento, perdão e poder. Permaneceu distante por anos, até que finalmente desistiu da luta. Ele afirmou que quando chegou o tempo, não começou pedindo a Deus o perdão dos pecados, ou o arrependimento ou a aceitação de Deus. Sua primeira oração, quando ele finalmente permitiu que Deus o alcançasse foi: "Tudo bem, eu serei um pastor." E todos os demais ingredientes da salvação vieram depois disto.

Por vários anos nossa família morou no norte da Califórnia, em um local que mais se assemelhava a uma estação de veraneio do que a qualquer outra coisa. Situava-se no alto das montanhas, calmo, pacífico, formoso. Então recebemos um chamado para Nebraska.

Não estávamos interessados em ir para Nebraska. Não queríamos nada com Nebraska. Fizemos brincadeiras acerca de obter um adesivo de pára-choque que dissesse: "Esqui Nebraska." Falávamos, em tom de ironia, acerca de Nebraska como sendo a capital recreativa do mundo.

Levou algum tempo antes de estarmos mesmo dispostos a orar acerca do assunto. Mas chegou o momento, no relacionamento contínuo com Cristo, quando se tornou necessário ou dar ouvidos à Sua vontade no que se referia a Nebraska ou cortar o relacionamento. E assim oramos a respeito do chamado para Nebraska.

A despeito da extensão de tempo que Lhe tomou para convencer-nos a não termos nenhuma vontade própria no determinado assunto, estando nós uma vez dispostos a renunciar à nossa própria preferência, Sua vontade se tornou muito clara em um tempo surpreendentemente curto.

Quando nos mudamos para Nebraska, as notícias de nossa atitude anterior nos haviam precedido! O escritório da igreja tinha sido decorado com bandeiras que diziam "Esqui Nebraska" – e outras piadas "íntimas"! Estávamos envergonhados! Mas estávamos também gratos de que o povo de Nebraska tivesse tal senso de humor!

Finalmente, não apenas estávamos dispostos a ficar em Nebraska, mas estávamos realmente emocionados com a perspectiva e mal podíamos esperar para ver qual era o plano de Deus pára nós naquele lugar, sendo que Ele fora tão explícito acerca de levar-nos para lá.

 

Tem Deus em mente um lugar especial para você trabalhar para Ele? Sim, Ele tem, tão certamente como tem Ele um lugar especial preparado no Céu para você. E não importa quais sejam suas preferências pessoais, se você aceitar sua escolha para você em sua vida, em seu lar, em seu serviço para Ele, você encontrará a maior felicidade. E o primeiro passo na direção de descobrir esta vontade para sua vida é permitir que Ele o leve ao ponto de não ter nenhuma vontade própria em determinado assunto.

 

 

 

 

 

 

 

A VONTADE  DE DEUS E SEUS SENTIMENTOS

 

Suponha que você recebeu pelo correio um cheque de algum multimilionário, preenchido em seu nome, com a quantia de dez mil dólares. Provavelmente você se sentiria muito emocionado, não é? Sentir-se-ia, igualmente, um pouco cético. Mas o cheque está preenchido, e efetivamente, se destina a você. Você se sente exultante e mostra-o aos amigos e vizinhos. Planeja como irá gastá-lo ou investi-lo ou economizá-lo para alguma ocasião futura. E finalmente chega o dia em que você está pronto a levá-lo ao banco e descontá-lo.

Mas naquele dia você não está se sentindo muito bem. A emoção se esgotou. Você adoece de um resfriado e sua garganta está inflamada. Talvez você esteja se sentindo um pouco culpado, percebendo que não fez nada para merecer este presente de dez mil dólares. Talvez você ainda tenha a sensação de que isto é bom demais para ser verdade. Mas você vai ao banco e depois de estar na fila por alguns minutos, chega a sua vez no caixa. A esta altura você está se sentindo completamente indisposto. Mas você ainda tem dez mil dólares.

O caixa e o banco não estão preocupados com seus sentimentos. Você pode estar alegre ou deprimido; isto não faz diferença. O fator decisivo quanto a se o dinheiro é seu ou não baseia-se completamente no valor do cheque e na assinatura da pessoa que lho deu. Seus sentimentos são irrelevantes. 

O passo dois no conhecimento da vontade de Deus em sua vida e na compreensão de Sua orientação é mais uma advertência do que um processo real. É que você não deve se deixar guiar pelos sentimentos.

Esta é uma advertência válida, porque muitas vezes a tentação consiste em fazer exatamente isto. Talvez quando você pela primeira vez começa a buscar a vontade de Deus sobre um assunto, tem uma "primeira impressão do que deveria ser Sua resposta. Mais tarde, se Sua resposta é protelada, é fácil ficar impaciente e desanimado. Mas você não deve confiar nem no primeiro impulso nem nas emoções instáveis que podem seguir-se quando se propõe tomar uma decisão especial. Os sentimentos jamais são um guia seguro.

O grupo intitulado "Campus Crusade" (Cruzada Evangelística para Universitários) tem um pequeno diagrama que usam para ilustrar este ponto. Pintam uma locomotiva, um vagão carvoeiro e um vagão de freio. A locomotiva é rotulada de realidade. O vagão carvoeiro é a fé. O vagão de freio chama-se sentimento. Se você tentar dirigir um trem pelo vagão de freio, entra em dificuldades. É a locomotiva que deve puxar o trem. E afinal, a locomotiva pode fazer a viagem com o vagão de freio ou sem ele.

Os sentimentos podem incluir muita coisa. Está você com medo de realizar algo especial? Vai isto contra seus gostos pessoais? Parece isto emocionante? Você acha que seria divertido? Parece que você não está qualificado para a tarefa? É isto precisamente o que você sempre quis? A lista poderia prosseguir infindavelmente. Os sentimentos, tanto bons quanto maus, vêm em muitas variedades.

Um motivo por que este segundo passo é tão importante é que ao tentar compreender a vontade de Deus em sua vida é importante considerar todos os oito passos, e não apenas um ou dois. Os oito passos provêem um sistema de cheques e saldos. Você pode errar em um passo, mas os outros passos podem mostrar-lhe onde você errou. Afinal, a decisão é tomada à base do peso da evidência, não baseada em qualquer passo único. Mas a advertência está aqui incluída sob o passo dois porque este passo é talvez aquele que é o mais fácil de considerar-se completo em si mesmo. É uma importante advertência porque os sentimentos, tanto positivos quanto negativos, podem ser incentivos muito poderosos. Contudo se você tentar dirigir sua vida espiritual baseado nos sentimentos, achar-se-á em tanta dificuldade como se tentasse dirigir o trem pelo vagão de freio. Não leva você a lugar nenhum.

Todavia, não devemos desconsiderar completamente os sentimentos. Um dos métodos pelos quais o Senhor nos comunica Sua vontade é através das impressões do Espírito Santo sobre o coração. As impressões e os sentimentos podem ser muito semelhantes, não é? Como sabe você a diferença entre simples sentimentos, o impulso do momento, e a convicção do Espírito em sua mente?

Reconheçamos primeiramente que há alguns sentimentos que são pecaminosos e outros que não são pecaminosos. Os sentimentos pecaminosos podem incluir temor, paixão, dúvida, ira ou cobiça. Os sentimentos que não são pecaminosos podem incluir coisas como esperança, felicidade, cansaço, fome ou tristeza.

O diabo gosta de operar através dos nossos sentimentos para afastar-nos de Deus. Se estamos nos sentindo alegres e otimistas, ele nos tentará levar isto a extremos e tornar-nos envolvidos em fanatismo ou presunção, correndo adiante de Deus. E se estamos nos sentindo desanimados e tristes, ele tentará despertar o temor e a desconfiança, para que venhamos a ceder às suas tentações.

Você pode ver isto acontecendo no caso de Elias. Ele foi possuído de alguns sentimentos muito positivos no cume do Carmelo. Chegara o final dos três anos e meio de fome, e com ele a demonstração entre Deus e Baal. Deve ter sido para ele uma tremenda emoção quando o fogo chamejante desceu do céu, consumindo o sacrifício e o altar e a água ao redor. Sua fé era forte. Ele creu que Deus responderia a fim de vindicar a Sua própria honra e o Seu nome diante do povo. Mas que tremendos sentimentos devem ter se avolumado por todo o seu ser ao estar ali e testemunhar o ocorrido!

Depois Elias tomou a dianteira no juízo sobre os 400 profetas de Baal, o que certamente exigiu muito esforço de seu sistema nervoso! Seu coração deve ter sido dilacerado de tristeza, horror e agonia ante a tarefa que foi levado a desempenhar.

Em seguida ele foi ao cume da montanha e começou a orar por chuva. Esta não veio imediatamente como o fogo do céu, e Elias ficou cheio de desconfiança própria. Ficou ali no topo da montanha, esquadrinhando o coração e continuando a insistir em suas petições até que seu servo voltou e relatou sobre uma pequena nuvem no horizonte. Isto era tudo. Elias se levantou e correu adiante dos carros de Acabe todo o caminho de volta para a cidade – a primeira maratona!

Quando Elias foi dormir naquela noite em um calmo canto fora dos muros da cidade com seu manto enrolado em torno de si, deve ter estado tão emocionalmente esgotado como nenhum outro poderia estar. Estava também fisicamente exausto. Seus sentimentos devem ter sido despedaçados durante todo aquele longo e memorável dia. Agora o diabo se apressou para tirar vantagem dos sentimentos que não eram pecaminosos, a fim de levá-lo a sentimentos que eram.

Elias foi despertado abruptamente e alisado de que Jezabel estava a postos para tirar-lhe a vida. A esta altura seu cansaço, fome e tristeza se transformaram em temor. Ele cruzou a linha para o território do diabo. O temor obtém más notas nas Escrituras. Leia isto em Apocalipse 21:8. Os temerosos estão entre aqueles que terão o seu lugar no lago de fogo, juntamente com alguns companheiros muito sórdidos. Apesar da vigorosa fé que o havia sustido nas horas anteriores do dia, Elias agora deu lugar a cego pânico e se dispôs a salvar-se a si mesmo. Fugiu para o deserto, abandonando seu posto do dever, tentando escapar das ameaças de Jezabel. Estava tão desanimado que acabou pedindo a morte, pensando ser o único que havia ficado em Israel fiel a Deus. Que contraste entre o temeroso e fugitivo Elias e o Elias do cume do monte Carmelo que bradou às multidões: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O." I Reis 18:21.

Assim uma indicação de que seus sentimentos são ou não procedentes da convicção do Espírito Santo ou da sua própria natureza humana deve ser examinada, levando-se em conta se os sentimentos são ou não pecaminosos. O Espírito Santo jamais conduzirá através de sentimentos pecaminosos, não seria seguro afirmar? Diz II Timóteo 1:7: "Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação."

Outro aspecto a considerar, ao tentar determinar se os seus sentimentos são ou não simplesmente sentimentos, ou as impressões do Espírito Santo sobre o coração, é olhar para a diferença entre convicção e culpa. A culpa sempre procede do diabo. A convicção sempre provém do Espírito Santo. À primeira vista, estes dois podem parecer muito semelhantes. Mas a culpa sempre nos deixa desesperançados e desesperados. Quando o diabo nos assalta com a culpa, ele está tentando levar-nos a perder a esperança e a dar-nos por vencido, tentando levar-nos a concluir que o nosso caso é irremediável.

Por outro lado, a convicção que procede do Espírito Santo vem com esperança e coragem para enfrentar o amanhã. Nunca nos deixa em desespero. O Espírito Santo jamais nos leva à condição de convicção e reconhecimento de nossa profunda necessidade da graça divina, sem também levar-nos além desta condição, à solução encontrada no sacrifício de Jesus e Sua justiça a ser aceita em nosso favor. O Espírito Santo traz convicção, jamais condenação.

Outro fator a ser considerado ao tentarmos distinguir entre nossos próprios sentimentos e as impressões ou convicções do Espírito Santo é a questão de quem é o centro focalizado. Nossos sentimentos podem levar-nos a pôr os nossos interesses em primeiro lugar e focalizar nossa atenção sobre o que é melhor para nós. O Espírito Santo nos levará a fazer da glória e honra de Deus e das necessidades daqueles que estão ao nosso redor a primeira consideração.

João Batista tinha fortes sentimentos contra estar na prisão de Herodes. Estava acostumado a espaços amplamente abertos, tendo liberdade de ir e vir como bem lhe aprouvesse. Estivera acostumado a uma vida de atividades. Não estava mais satisfeito com ser aprisionado no escuro cárcere do que teria estado eu ou você. Se ele tivesse posto suas necessidades em primeiro lugar, teria rapidamente se retratado de suas severos reprovações e recuperado a liberdade. Mas ele pôs de lado seus próprios desejos, porque a lealdade a Deus exigia que ele falasse a verdade com destemor e deixasse com Deus as conseqüências de tal fidelidade. Pôs em primeiro lugar a glória e a honra de Deus, e a despeito da solidão e isolamento de sua vida na prisão, ele foi capaz de dizer: "Convém que Ele cresça e que eu diminua.'' S. João 3:30.

Podemos às vezes ser capazes de ver a diferença entre nossos sentimentos e as impressões do Espírito Santo aplicando o teste da razão e do juízo. Podemos ser capazes de raciocinar de causa para efeito, de reconhecer quando estamos especialmente cansados ou sofrendo dos efeitos de extremo estresse. E Deus quer que exerçamos o bom discernimento e o bom senso nas decisões da vida.

Mas a razão e o juízo podem não ser suficientes. Algumas das ações mais insensatas de toda a Bíblia foram praticadas por aqueles que estavam mais intimamente sob o controle de Deus. O que dizer de Gideão, atacando o inimigo com cântaros e tochas e 300 homens? O que dizer de Jônatas e seu escudeiro enfrentando sozinhos todo um exército? O que dizer de Davi, trajando as simples vestes de um menino pastor, saindo desarmado para enfrentar o gigante Golias, que estava coberto de armadura da cabeça aos pés? Ou de Josué, tentando tomar uma cidade caminhando em círculos ao redor da mesma e fazendo soar as trombetas?

Se estivermos sob o controle de Deus e em sintonia com a Sua direção de nossa vida, Ele pode às vezes levar-nos a fazer coisas que aparentemente estão em completo desacordo com o bom senso e o senso comum. Assim, embora a razão e o juízo devam ser considerados, eles jamais podem ser uma prova final em prol ou contra a orientação divina.

Podemos ser capazes de distinguir entre os simples sentimentos e as impressões do Espírito Santo aplicando o teste do tempo. Se há tempo antes que a decisão deva ser tomada, pode ser de real valor "consultar o travesseiro" quanto a ela, a fim de dar tempo à oração e meditação para determinar a fonte dos impulsos. Mas mesmo o teste do tempo pode não ser adequado. Pode não haver tempo suficiente para dar tal teste! O que dizer de Finéias, quando Israel estava prestes a atravessar o rio rumo à Terra Prometida? O plano de Balaão para amaldiçoar a Israel alcançara êxito e a rebelião tinha se tornado tão difundida que um dos líderes de Israel veio para o acampamento em plena luz do dia acompanhado por uma prostituta moabita e a levou abertamente para sua tenda.

Finéias, filho do sumo sacerdote, não foi para casa a fim de refletir sobre isto e certificar-se de que não estava sendo impulsivo. Dirigiu-se à tenda e traspassou a ambos com um golpe de sua lança!

Maria Madalena, naquela noite no banquete de Simão, não tomou tempo para esperar até ao dia seguinte para ver se o impulso de ungir a Jesus estava ainda por perto. Se tivesse feito isto, a oportunidade de ungir a Jesus não mais teria estado disponível. Quando o Espírito Santo impeliu Maria à ação, ela obedeceu instantaneamente.

Não podia explicar por que havia escolhido aquela ocasião para honrar a Jesus. Quando começaram as acusações, ela ficou muda. Mas Jesus reconheceu o seu ato de amor e fez uma interessante promessa concernente ao mesmo. Ele afirmou que onde quer que o evangelho fosse pregado, enquanto o tempo durasse, a história da ação de Maria também seria repetida – e só aqui se fala em mais tempo.

Assim há certas coisas que podemos considerar quando tentamos verificar se nossos sentimentos são meramente sentimentos, ou se eles são inspirados pelo Espírito Santo. Podemos considerar se eles são sentimentos pecaminosos. Podemos estar cientes da diferença entre culpa convicção. Podemos verificar se o centro de atenções está em nós mesmos ou na honra e glória de Deus. Podemos aplicar o teste da razão e do juízo – em um ponto. Podemos admitir o teste do tempo – Quando há tempo para tal teste.

Mas o maior auxílio no reconhecimento da diferença entre simples sentimento e a voz interior do Espirito é conhecer a Deus. Como notamos no capítulo anterior, de S. João 10, as ovelhas reconhecem a voz do Pastor e distinguem esta voz da voz de um estranho, porque elas O conhecem.

Abraão conhecia a Deus. Havia passado tempo lá fora sob as estrelas, comungando com o Deus do Céu, enquanto o resto do seu mundo estava adormecido. Quando Deus veio a ele e lhe ordenou que deixasse para trás o seu país e a sua parentela e fosse a algum destino desconhecido, ele foi avante, porque reconhecia a voz de Deus de seus contatos anteriores. Não se deixou levar pelos sentimentos. Foi guiado pelo que sabia ser as instruções divinas.

Perto do final de sua vida, quando chegou o tempo da prova suprema, ele foi incapaz de ir pelos sentimentos. Tudo em seu coração de pai resistia à ordem de oferecer Isaque em sacrifício. Todas as suas esperanças e sonhos, todas as promessas de Deus feitas no passado, argüíam contra tal plano. Mas ele conhecia a voz de Deus e, desconsiderando seus sentimentos, a despeito de quão fortes eram, ele agiu novamente de acordo com a palavra do Senhor.

Como você sabe, Abraão ouviu corretamente a voz de Deus, e quando foi plenamente provado, também foi provido um glorioso livramento, dando uma lição que falará através de todo o tempo e a todo o Universo, do amor de Deus em enviar Seu Filho para morrer em nosso lugar.

Assim, quando importa em conhecer a vontade de Deus em nossa vida, é importante não decidir simplesmente à base do sentimento. É importante considerar todos os passos no conhecimento da orientação divina. Mas a maior certeza, atrás de todos os métodos para saber se você está seguindo Sua direção, é conhecê-Lo – e Ele lhe esclarecerá o que inclui Sua vontade para você. Conhecê-Lo, e conhecer a Sua voz, é essencial, se quisermos ter a certeza de que não estamos sendo levados por meros sentimentos.

 

 

 

 

 

 

 

 

A VONTADE DE DEUS E SUA PALAVRA

 

O terceiro passo ao tentar compreender a vontade de Deus em sua vida é consultar Sua Palavra. Diz-nos o Salmo 119:105: "Lâmpada para os meus pés é a Tua palavra, e luz para os meus caminhos." Se Deus está de fato nos guiando, Ele o faz através de Sua Palavra, e Ele nunca nos dirige de maneira que contrarie a Sua Palavra.

A Palavra de Deus nos é dada para ser mais do que simplesmente uma lição de História. É mais do que um relato da vida de pessoas que morreram há muito tempo. É mais do que profecia. É mais do que doutrina. Ê mais do que genealogia. É mais do que um livro de histórias. E a Palavra viva de Deus, que vive e permanece para sempre.

Podemos aproximar-nos da Palavra de Deus de duas maneiras: primeira, em busca de informação, e segunda, à procura de comunicação. Constitui a Palavra de Deus uma valiosa fonte de informação? É claro que sim. Dá-nos um relato preciso da história da raça humana. Registra com fidelidade e imparcialidade tanto os fracassos quanto os triunfos do povo de Deus. É "inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça". II Tim. 3:16.

Podemos ter confiança de que a informação contida na Palavra de Deus é exata, e através da Sua Palavra Deus deu informação de que Ele conhecia as necessidades do Seu povo neste mundo enquanto o tempo durasse.

Mas quando você recorre à Bíblia em busca de orientação, pode não haver um capítulo e um versículo específico para a decisão que você está tentando tomar. Suponhamos que você esteja tentando decidir-se para onde mudar-se ou que emprego aceitar ou se deve casar com uma pessoa ou com outra. Não há nenhum lugar nas Escrituras onde você possa encontrar um verso que diga: "Você tem obrigação de casar com Jaime", ou: "Você deve tornar-se um médico." E assim devemos compreender o segundo propósito da Palavra de Deus: comunicação.

Poderíamos ir tão longe a ponto de afirmar que o propósito primário da Palavra de Deus visa a comunicação. Há uma grande diferença entre conhecer a respeito de Deus e conhecer a Deus. O apóstolo Paulo considerou o conhecimento de Deus como o mais importante aspecto da vida, pois ele disse em Filipenses 3:7-lú: "Mas o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considerei tudo como perda,... para O conhecer." Escreveu Jeremias: "Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me conhecer." Jeremias 9:23 e 24. E disse Daniel: "O povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo." Daniel 11:32.

Visto que a Palavra de Deus deve ser uma via de comunicação e não meramente uma fonte de informação, devemos compreender mais uma vez que a base para conhecer a vontade de Deus em nossa vida deve ser sempre o relacionamento pessoal, diário e contínuo com Ele. Se você jamais soube o que significa usar a Palavra de Deus para comunicação e comunhão com Ele, a informação ali encontrada provar-se-á de pouco benefício. Mesmo que haja informação tão específica para sua situação que você não possa prescindir dela, você não terá a força espiritual para aceitar Sua Palavra a menos que se torne pessoalmente familiarizado com Ele. DEle deve provir não apenas a sabedoria, mas o poder para a obediência. Não é suficiente saber o que é certo e o que é errado. Devemos também saber aceitar o Seu controle para que possamos ser capazes de obedecer.

Mas tendo você estado dia a dia em amizade e comunhão com Deus, e chega o momento de tomar alguma decisão em sua vida, você pode dirigir-se à Sua Palavra primeiramente em busca de informação e depois para comunicação com Ele onde quer que esteja faltando informação específica.

É verdade que a Bíblia nos oferece muitos princípios de vida que podemos aplicar à nossa situação específica. Por exemplo, a Bíblia adverte contra o casamento com os incrédulos. Se você está escolhendo entre alguém cuja vida espiritual é compatível com a sua e alguém que não demonstra interesse pelas coisas espirituais, você deve ter à sua disposição um auxílio muito poderoso ao tomar tal tipo de decisão. A Bíblia nos adverte contra a desonestidade. Se você mentiu a fim de obter ou conservar um emprego especial, você pode saber baseado nas Escrituras que Deus não está conduzindo em tal direção. De sorte que mesmo que não haja um capítulo ou versículo específico para sua situação, pode haver princípios que se ajustam e que podem ajudá-lo a tomar a decisão correta.

Contudo, há ocasiões em que você pode estar decidindo entre duas escolhas aparentemente "corretas", em vez de entre uma certa e outra errada. Você pode estar escolhendo entre tornar-se um professor de matemática ou um professor de ciências – em vez de escolher se deve tornar-se um professor ou trabalhar num cassino em Las Vegas! Às vezes as escolhas que estão diante de você parecem igualmente corretas à base dos princípios estabelecidos na Palavra de Deus.

Em tais ocasiões, o beneficio das Escrituras como meio de comunicação está além de toda estimativa – juntamente com o uso de todos os oito passos para conhecer a vontade de Deus. Porque Deus é capaz de comunicar-lhe Sua vontade específica de alguma outra maneira além daquela que vem através de um capítulo e versículo.

Pode haver ocasiões em que Deus o surpreenda com passagens específicas das Escrituras que tanto se aplicam à sua situação, quando você vai a Ele em busca de orientação sobre uma decisão específica. Talvez isto me tenha acontecido meia dúzia de vezes durante minha existência, quando a Palavra de Deus falou subitamente à minha atual decisão de um modo inconfundível.

Em um verão eu vendia livros cristãos a fim de ganhar dinheiro para voltar ao colégio no outono. No primeiro dia meu assistente de vendas saiu para mostrar-me como vender livros. Enquanto eu estava ali e segurava a pasta, ele vendeu livros o dia inteiro. Parecia fácil! Fui para casa exultante e multipliquei o número de livros que tínhamos vendido naquele dia pelo número de dias do verão, e estava certo de que voltaria no outono com três ou quatro vezes a quantia de dinheiro de que necessitava para a escola.

Então o assistente de vendas deixou a cidade. Dia após dia era a mesma coisa. Eu não vendia um só livro. Em breve eu fiquei muito desanimado. Agora tudo indicava que eu não iria conseguir um único estipêndio. Realmente, era fácil crer que poderia transcorrer o resto do verão sem que eu fizesse uma só venda! Uma noite eu estava tão desanimado que mal pude dormir. Na manhã seguinte eu estava tentando decidir o que fazer. Deveria ir para casa e esquecer tudo? Deveria continuar tentando, embora isto parecesse tão inútil, tão irrealizável? Fui impressionado a abrir a Bíblia, e o texto ao qual recorri estava em Salmo 42:11: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? Espera em Deus, pois ainda 0 louvarei, a Ele, meu auxilio e Deus meu."

Esta mensagem da Palavra de Deus deu-me a coragem para tentar novamente. Em meu caminho para o trabalho, parei ao lado da agência do Correio. Havia uma carta esperando por mim de uma mulher a quem eu tinha mostrado os livros três dias antes. Ela decidira que estava interessada! Corri apressadamente para sua casa e fiz minha primeira venda naquela manhã. O Senhor havia começado a mostrar-me que não era eu quem vendia Seus livros. Ele o fazia. Se você já tentou vender livros cristãos, também já aprendeu esta lição.

Uma vez quando minha esposa e eu estávamos pastoreando uma igreja em Oregon, recebemos um chamado para outro local e estávamos procurando saber a vontade de Deus para nós naquela decisão. Uma manhã eu estava embaixo no subsolo, em minha sala de leitura, orando sobre o assunto, e senti-me impressionado a abrir a Bíblia em busca de orientação. O texto que saltou diante de mim foi este: "O que ficar nesta cidade morrerá... mas o que passar para os caldeus viverá." Jeremias 38:2. Eu nem mesmo o havia visto anteriormente, e para encontrá-lo hoje teria de procurar. Mas refleti cuidadosamente sobre ele e indaguei se o mesmo se destinava à nossa situação naquele tempo. Eu não sabia quem naquela cidade estava tentando

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